Queridos,
vai aí a sinopse e também uma crítica do filme Diários de Motocicleta para que vcs fiquem mais atentos ao assistirem o filme.
A atividade será postada e entregue em sala em outra oportunidade.
Assistam, reflitam e divirtam se também.
Grande bj da Cris
Link para assistirem o filme no Youtube (são 13 partes)
http://www.youtube.com/watch?v=EbrFJ7JiUmQ
Link para assistirem o filme no Youtube (são 13 partes)
http://www.youtube.com/watch?v=EbrFJ7JiUmQ
Diários de Motocicleta
(The
Motorcycle Diaries)
126 min -
Drama - 2004 (Argentina / Estados Unidos / Cuba / Alemanha / França / México /
Chile / Peru / Reino Unido)
Sinopse:
Em
1952, o futuro líder da Revolução Cubana Ernesto Guevara (Gael García Bernal)
era um jovem estudante de Medicina. Ele e seu amigo Alberto Granado (Rodrigo de
la Serna) viajam pela América do Sul em uma velha moto, que acaba quebrando
depois de oito meses. Mas eles seguem em frente, arranjando caronas e fazendo
longas caminhadas. Depois de passar por Machu Pichu, chegam a uma colônia de
leprosos na Amazônia Peruana, onde começam a questionar o valor do progresso
econômico, que privilegia apenas uma parte da população, deixando muitos em
situação precária. A experiência na colônia foi decisiva para o surgimento das
personalidades históricas que se tornariam alguns anos depois.
Crítica:
Por
Pablo Villaça (Cinema em Cena)
Houve
um tempo em que usar uma camisa estampada com a inconfundível foto de `Che`
Guevara tirada por Alberto Korda em 1960 era algo que tinha significado: o
indivíduo em questão poderia estar manifestando desde seu apoio à Revolução
Cubana até seu inconformismo com as disparidades sociais existentes em seu
próprio país (passando, é claro, por sua declaração de simpatia aos ideais
socialistas). Hoje em dia, porém, o rosto barbado de Guevara se transformou,
ironicamente, em um mero produto a ser comercializado, e boa parte dos inúmeros
jovens que usam itens da `marca Che` não faz a menor idéia de quem foi Ernesto
Guevara de la Serna; exibir aquela imagem é simplesmente cool.
Felizmente,
é provável que Diários de Motocicleta, mais recente longa de Walter
Salles, corrija esta realidade (no mínimo, espero que estas pessoas aprendam o
nome de batismo de Che). Baseado nos livros escritos por Guevara e seu amigo
Alberto Granado acerca da longa viagem que estes realizaram no início da década
de 50, o filme acompanha a trajetória da dupla desde sua partida de Buenos
Aires, na Argentina, até a chegada no leprosário situado em San Pablo, na
Amazônia peruana. Jovem e prestes a se formar em Medicina, Guevara decide
percorrer a América Latina ao lado do amigo bioquímico Granado e conhecer o
continente sobre o qual havia apenas lido. Inicialmente equipados com uma moto
carinhosamente apelidada de La Poderosa, os dois rapazes enfrentam diversos
percalços ao longo da jornada e descobrem um quadro generalizado de miséria e
opressão política que seria fundamental na formação ideológica de Che.
Oriundo
da classe média alta, Ernesto sofre verdadeiros `choques de realidade` que
provocam uma grande transformação em seu modo de enxergar o mundo: a princípio,
ele é um jovem como tantos outros, demonstrando ter consciência das desigualdades
existentes em seu país, mas sem preocupar-se excessivamente com estas. Assim,
suas prioridades iniciais são prosaicas: visitar a namorada em uma cidade
próxima e torcer para que ela corresponda aos seus avanços sexuais.
Gradualmente, porém, Che e Granado compreendem que as experiências de viagem
estão deixando marcas profundas em suas vidas – e, quando encontram um casal
obrigado a viajar à procura de emprego, os rapazes mal conseguem esconder o
embaraço pela falta de objetivo aparente em sua própria `peregrinação`. Aliás,
o roteiro de José Rivera é extremamente hábil ao ilustrar o amadurecimento de
Guevara e Granado e o peso cada vez maior que estes parecem carregar nas costas
– um feito que nos faz ignorar o caráter episódico da história (um problema
praticamente inevitável em road movies).
Interpretando
com brilho a dupla de protagonistas, o mexicano Gael García Bernal e o
argentino Rodrigo de la Serna (primo em segundo grau do verdadeiro Che)
estabelecem uma ótima dinâmica entre Ernesto e Alberto – e a agilidade na troca
de diálogos lembra, em certos momentos, a química entre Selton Mello e Matheus
Nachtergaele em O Auto da Compadecida.
Vivendo Che Guevara pela segunda vez em sua carreira (a primeira foi em uma
minissérie produzida para a tevê americana), Bernal empresta uma inconfundível
aura de honestidade ao personagem e retrata com talento a mudança experimentada
por Che, que, de jovem relativamente ingênuo e com olhar otimista, torna-se um
homem sério e amargurado pela triste situação dos humildes sul-americanos.
Enquanto isso, de la Serna quase rouba o filme com sua caracterização alegre e
cheia de energia, já que Granado é um sujeito vivaz e incrivelmente
carismático.
Já
experiente em road movies (vide Central do Brasil),
o cineasta Walter Salles utiliza as belas locações com a máxima eficiência,
transformando a própria América Latina em um personagem do filme (e a
fotografia de Eric Gautier é de tirar o fôlego). E o que é ainda melhor: Salles
também guia o espectador com segurança através da jornada interior de
seus personagens, alterando o tom da narrativa (que se torna menos `leve`) à
medida em que os viajantes vão travando contato com a pobreza do continente (e
a utilização de figurantes locais acrescenta ainda maior verossimilhança à
produção). Além disso, o diretor adota um estilo quase documental ao estudar os
abusos cometidos contra a população mais pobre, tendo, como `entrevistador`, o
próprio Che Guevara (e a indignação transmitida por Bernal nestas seqüências é
digna de aplausos).
Mas,
sem dúvida alguma, a seqüência mais eficaz de Diários de Motocicleta é
aquela que se passa no leprosário, já que, além de evidenciar ainda mais a
humanidade de Guevara e Granado (que compreendem a importância contida em um
pequeno gesto de afeto), serve também para ilustrar a crueldade da `chantagem
religiosa` imposta pelas freiras que dirigem o lugar, que só fornecem alimentos
para aqueles que comparecem às missas dominicais.
E
antes que alguém acuse o filme de adotar uma postura `anti-cristã` ou algo no
gênero, é importante salientar que a ilha habitada pelas vítimas da hanseníase,
apesar de real, serve principalmente como símbolo da segregação determinada
pelo poder aquisitivo ou credo de cada um e, neste sentido, o fato é que,
infelizmente, a América Latina pode ser vista como uma imensa ilha de leprosos
– mas, em vez da enfermidade biológica, somos todos acometidos por males
sociais, políticos e econômicos capazes de matar muito mais do que a lepra ou
qualquer outra doença conhecida pelo Homem.
Observação 1: O último plano do filme, visto depois dos
letreiros que relembram o destino de Che, é inesquecível por trazer a imagem do
verdadeiro Alberto Granado – um recurso recentemente utilizado no também
excelente Geração
Roubada, de Phillip Noyce.
Observação 2: Para saber mais sobre a vida do líder
revolucionário, recomendo a leitura do ótimo Ernesto Guevara, Também Conhecido Como
Che, escrito por Paco Ignacio Taibo II e lançado no Brasil pela Editora
Scritta.
Observação 3 (em 25 de Maio de 2004): Acabo de ler uma
outra biografia de Che que nada deixa a dever com relação àquela citada acima.
Trata-se de Che
Guevara: Uma Biografia, lançada
no Brasil pela Editora Objetiva e escrita por Jon Lee Anderson.
07 de Maio de 2004
Fonte: http://www.cinemaemcena.com.br/plus/modulos/filme/ver.php?cdfilme=1543
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